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13 Dec 2024

Inovação em Movimento: Como a Tecnologia está a redefinir o Retalho

Fábio Pires, Software Engineer na agap2IT, trabalha com um dos principais grupos de retalho do país. Através do seu trabalho no desenvolvimento de tecnologia neste setor, formou perspetivas sobre as oportunidades e os desafios que estão a surgir. Com isso em mente, escreveu um artigo de opinião publicado na revista Hipersuper, que pode ler abaixo.



Inovação em Movimento: Como a Tecnologia está a redefinir o Retalho

Fábio Pires, Software Engineer, agap2IT


A tecnologia tem transformado quase todos os setores da economia de formas inovadoras, e o retalho não é exceção. Desde a automatização de processos internos à viabilização de compras contactless, os avanços tecnológicos criaram oportunidades únicas para as empresas deste setor melhorarem a eficiência, reduzirem custos e aumentarem a satisfação dos clientes.


Nos últimos anos, as empresas de retalho adotaram uma variedade de tecnologias para melhorar a experiência de compra. Entre estas inovações, destacam-se os sistemas de self-service, que permitem aos clientes pagar os seus produtos sem interagir com um colaborador. Houve também um investimento significativo em aplicações móveis que auxiliam os clientes a planear as suas compras, oferecendo funcionalidades como listas de compras, descontos personalizados e informações detalhadas sobre os produtos. Estes avanços não só tornam as compras mais convenientes para os clientes, como também ajudam os retalhistas a recolher dados valiosos sobre os hábitos dos consumidores, que podem ser utilizados para melhorar o planeamento de stocks e as estratégias promocionais.


Um exemplo notável de como a tecnologia pode transformar a experiência de compra é o recente modelo de lojas sem funcionários. Nestas lojas, os clientes entram, pegam nos produtos que desejam e saem sem passar pela caixa. Utilizando uma combinação de câmaras, sensores e inteligência artificial, os artigos retirados das prateleiras são registados automaticamente e o valor devido é cobrado diretamente na conta do cliente à saída. Esta abordagem não só elimina as filas de espera e acelera a experiência de compra, como também permite aos retalhistas reduzir os custos operacionais.


Além das tecnologias de atendimento ao cliente, os retalhistas podem beneficiar significativamente da utilização de simulações computacionais para gerir melhor os seus recursos. Através de simulações, é possível testar diferentes parâmetros operacionais — como o número de caixas abertas, o número de caixas de self-service ou a alocação de colaboradores — com base em dados como o tráfego de clientes. Estas simulações ajudam a identificar as configurações mais eficientes, permitindo que as lojas otimizem o fluxo de clientes, reduzam o tempo de espera e aloquem os recursos de forma mais eficaz.


No entanto, apesar das claras vantagens que a tecnologia oferece ao sector retalhista, existe uma preocupação legítima com o impacto social destas inovações, especialmente no que diz respeito ao emprego. O modelo Amazon Go de lojas sem funcionários, por exemplo, levanta questões sobre a redução de empregos num setor que tradicionalmente oferece muitas oportunidades de emprego. Isto apresenta um grande dilema: como podemos equilibrar a eficiência e a conveniência proporcionadas pela tecnologia sem comprometer o sustento de milhares de trabalhadores que dependem destes empregos?


Nos próximos anos, espera-se que a inovação no retalho se concentre em tecnologias que proporcionem uma experiência de compra ainda mais personalizada e eficiente. A utilização de inteligência artificial e análise de dados em tempo real continua a evoluir rapidamente, permitindo recomendações cada vez mais precisas e personalizadas para os clientes, com base nas suas preferências e comportamentos de compra anteriores. Além disso, prevê-se um aumento significativo da adoção da robótica e da automação nas áreas operacionais. Nos supermercados, por exemplo, podem ser utilizados robôs para monitorizar o stock e reabastecer as prateleiras de forma autónoma, garantindo que os produtos estão sempre disponíveis. Estes avanços prometem transformar as operações diárias dos supermercados, aumentando a eficiência e oferecendo aos consumidores uma conveniência sem precedentes.


Concluindo, o retalho tem muito a ganhar com a adoção de tecnologias avançadas — desde a melhoria da experiência do cliente até à otimização da gestão interna de recursos. No entanto, é essencial que a implementação destas tecnologias seja feita de forma criteriosa, considerando não só os benefícios económicos, mas também o impacto social. Uma coisa é certa: o futuro do retalho será, sem dúvida, moldado pela inovação.

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